Olimpíadas Rio 2016 e desenvolvimento sustentável
quinta-feira, fevereiro 04, 2010 1:28:00 PM A concorrência dos países para sediar os jogos olímpicos parece se dar em função das oportunidades de negócios que a visibilidade do evento atrai, tanto na exploração das obras de infraestrutura, logística e organização do evento, quanto do aumento da qualidade de vida que o incremento de infraestrutura provoca. As vilas olímpicas construídas para abrigar os atletas durante os jogos são transformadas em hotéis de luxo, condomínios fechados ou em moradias sociais, segundo o programa de necessidades. As linhas de trem instaladas entre os estadios, nucleos esportivos, centros turistico e de hospedagem são integradas ao sistema de transporte coletivo. Mesmo os estádios são reformados, ampliados, projetados e construídos pensando na flexibilidade e na utilidade que terão após os jogos: centro comunitário, escola, faculdade, teatro, centro de eventos e de exposiçoes, museu, centro de pesquisa, centro de compras, etc.Resumindo, o volume de investimentos que implica sediar os Jogos Olímpicos representa uma ocasião excepcional de correção do desenvolvimento local e uma oportunidade para os politicos, urbanistas e arquitetos de difundir seu know-how em gestão de problemas e em desenvolvimento sustentável. Se entre os inúmeros problemas do Brasil e do Rio os mais criticados tem sido a violência urbana, a desigualdade social, a corrupção e a degradação do meio ambiente, então, no meu ponto de visto, os Jogos Olimpicos de 2016 deveriam se concentrar sobre soluçoes à longo prazo e tentar constuir um modelo de solução da crise socio-ambiental para as cidades brasileiras. Seguindo esta pista, o combate ao tráfico deve vir acompanhado de programas sociais de inclusão pela educação, pela formação profissional e inserção no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo em que se busca resolver o problema social, é importante que sejam resolvidos de forma sustentável, construindo alojamentos utilizando tecnologia de baixo consumo energético, em locais adequados, servidos por sistema de transporte coletivo eficiente e não poluente, por infraestruturas de produção de energia renovável, de coleta e tratamento da água, esgoto e resíduos. O combate à degradação ambiental deve se concentrar sobre a recuperação das áreas de risco ambiental ocupadas por assentamentos insalubres e irregulares e pela educação da população quanto à importância da sua participação nos programas de redução da produção de lixo, de reparação, reutilização e de reciclagem.
Enfim, é preciso aperfeiçoar o corpo político e policial de forma à banir de uma vez por todas a Lei de Gerson, estimulando o valor da honestidade e o da correção ética na gestão do bem comum. São seis anos apenas para construir um modelo de sociedade sustentável mas a oportunidade é excepcional para ser desperdiçada com projetos medíocres.
Marcadores: Cidades sustentáveis, Jogos Olímpicos Rio 2016, projeto de sociedade

