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Competitividade tecnológica favorecida pela tolerância cooperativa

segunda-feira, janeiro 26, 2009 11:55:00 AM


Richard Florida propôs um indice de tolerância para avaliar a competitividade de cidades. Segundo ele, não basta que a cidade abrigue indústrias de tecnologia de ponta, como biotecnologia ou robótica, para competir com outros polos tecnológicos. Não basta ter infraestrutura de transporte, comunicação, educação, cultura e lazer, aeroporto, universidade, etc. Estes equipamentos são muito importantes para outros tipos de indústria, mais insuficientes para entrar no jogo da competição pelo desenvolvimento tecnológico.

Além do arsenal necessário à produção industrial, a mão de obra criativa procura qualidade de vida. Tolerância, governância e abertura de espírito são alguns dos fatores que levam empresas que trabalham com o espírito criativo de seus funcionários a se instalarem ou não numa cidade.

Como calcular este índice? Florida elaborou dois índices, o primeiro, que ele chama de índice boêmio, mostra a força da produção cultural, seja com atividades de grande público quanto atividades underground e de vanguarda. Um outro índice é o índice de diversidade social, que mede a tolerância pelo número de comunidades organizadas em função da origem étnica ou da opção sexual. Uma forte porcentagem de homossexuais e de representantes de diversidade étnica integrados socialmente indica que a cidade é tolerante e dinâmica. Ele cita como exemplo São Francisco que permitiu o desenvolvimento do Vale do Silício, e de Montréal, que concentra um polo de indústria aeroespacial.

Cidades impregnadas pour uma tradição de corrupção e desigualdade, culturalmente engessadas por um ranço exófobo e moralista, ou seja, com pouca abertura à diversidade social e sexual não atraem empresas de alta tecnologia simplesmente porque a mão-de-obra necessária à criação tecnológica prefere não viver em cidades com este perfil.

O ponto paradoxal destes índices é que a competitividade entre cidades exige um tipo de cooperatividade entre grupos socio culturais diferentes dentro de uma mesma cidade. É esta capacidade de compreender as diferenças e de permitir manifestaçoes diversas de modo respeitoso e pacífico que expressa a qualidade da vida urbana e da sua dinâmica, e que a faz atrativa aos criadores. Para que uma cidade capitalista seja competitiva em mão-de-obra criadora de tecnologia de ponta, ela precisa demonstrar um mínimo de tolerância visando a cooperação na diversidade.


Florida é professor na Universidade Carnegie Mellon na Filadelfia e expõe seus argumentos no The rise of the creative class (2002a, 2002b).

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