Arquitetura Moderna e Estação Rodoviária Municipal de Maringá
quarta-feira, setembro 12, 2007 3:22:00 PM Maquete eletrônica do Palácio dos Soviets (1930)- Moscou, elaborada por Takehiko Nagakura, extraída de http://www.ufrgs.br/propar/domino/2005_01/txt05_2005_01.htm">Palácio dos SovietsOntem, assistindo uma palestra promovida pelo LEAP, proferida pela arquiteta Sônia Marques Ph.D, da Universidade Federal de Natal, descobri onde o autor da antiga rodoviária de Maringá, Gelson E. Gubert, se inspirou para realizar seu projeto, em 1960.
Os volumes cúbicos, emoldurados pelos arcos que sustentam a marquise têm raízes num dos projetos de Le Corbusier (1887-1965), o Palácio dos Soviets (1930), em Moscou, jamais construído, mas uma referência para muitas obras que foram erguidas depois, por outros. Corbusier é um dos expoentes da arquitetura moderna que influenciou várias gerações de arquitetos brasileiros, entre eles, Niemeyer e Lúcio Costa.
A arquiteta se concentrou sobre dois representantes da arquitetura moderna pernambucana para mostrar as diferenças entre o modernismo carioca e o de Pernambuco. Um destes arquitetos é Luiz Nunes (1909-1937) que, entre suas obras, tem a Escola Rural Alberto Torres, construída em 1936, calculada pelo engenheiro Joaquim Cardozo.
A volumetria desta escola é muito próxima da arquitetura da rodoviária de Maringá. Nunes utiliza os arcos como suporte das rampas que dão acesso aos dois níveis da escola e que são ao mesmo tempo entrada e transição entre o pátio coberto e o exterior, servindo também de mirante.
Goubert os utiliza para sustentar as marquises que cobrem os acesso do saguão de espera e que servem também de transição entre o espaço interno e externo, além de servir de apoio ao terraço do restaurante que permite a vista da praça Raposo Tavares e do eixo magnífico da Getúlio Vargas.
Como Nunes, muitos outros arquitetos e engenheiros utilizaram obras e autores de referência para conceber e propor obras inovadoras, utilizando técnicas construtivas e materiais produzidos pela florescente indústria brasileira. Além de ser um exemplo raro de arquitetura modernista no interior do pais, a arquitetura da antiga rodoviária de Maringá representa este período em que o concreto armado, o revestimento em pastilhas cerâmicas e os caixilhos de ferro formando grandes panos de vidro representavam o que havia de mais avançado na indústria nacional da construção.
Sobre Luiz Nunes, veja Quesado Deckker (2001)Brazil Built: the architecture of the modern movement in Brazil. London. Spon Press
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