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Patrimonio historico de Maringa

sexta-feira, fevereiro 02, 2007 10:19:00 PM

Entre as cinco maiores cidades do Paraná, apenas Cascavel nao têm nenhum edifício tombado. Maringá conta com apenas um edifício fazendo parte do acervo histórico do estado, o Hotel Bandeirantes. Londrina possui dois edifícios, o Teatro Ouro Verde e a Rodoviária do Artigas, que agora é museu de arte moderna, e uma praça, a Rocha Pombo. Mesmo que ainda nao esteja tombado, os londrinenses conservam a Estaçao Ferroviaria que se tornou um museu da cidade, e os arquitetos mais conscientes se movimentam para tombar o edificio de escritórios que fica ao lado do Teatro Ouro Verde.
A Rodoviária de Maringá faz parte de um conjunto que integrava a estaçao ferroviária, a zona industrial e a avenida Colombo, que, junto com o sistema viário principal, ordenavam a cidade ao longo do eixo de transportes interurbano.
A Rodoviaria fazia e ainda faz parte do eixo transversal formado pela Avenida Getulio Vargas, ao longo da qual se situam os tres poderes temporais, Forum, Prefeitura e Camara dos Vereadores, culminando com poder religioso representado pela Catedral católica. Esta ordem espacial expressa a ordem social, reproduzindo o mesmo esquema da implantaçao das cidades fundadas pelos colonizadores portugueses.
As cidades coloniais geralmente se erguiam em torno de uma praça principal, onde a igreja quase sempre ocupava o ponto mais alto, de frente para o mar. De um lado e de outro se construiam os edificios governamentais: a prefeitura, a camara e a cadeia. A parte mais baixa da praça era ao mesmo tempo atracadouro e mercado. A praça constituia entao o coraçao da cidade, onde tudo acontecia: quermesses, manifestaçoes, comícios, feiras, etc.
A rodoviária e a ferroviária de Maringá reproduzem esta ultima funçao, a de importaçao e conduçao de pessoas e mercadorias. Neste sentido, este predio marca o ponto onde se cruzavam as trocas interregionais e as locais, o comércio, as viagens, os encontros, os negócios e, como todo porto, mendigos e prostitutas.
Mesmo que o arquiteto da rodoviária seja um ilustre desconhecido, (tal como Macedo Vieira o foi) a obra guarda a leveza das estruturas modernistas o que faz dela um destaque em meio à massa de espigoes que compoem o perfil da cidade. Um dos princípio do modernismo é a obtençao do máximo espaço com o mínimo de materiais. A marquise atirantada pelo arco pleno utiliza a técnica de construçao das antigas pontes suspensas, para obter vaos imensos como este da marquise, que deve ter mais de 20 metros. O grande saguao de espera, com pé direito de mais de 10 metros, permete a iluminaçao e a ventilaçao pelas laterais e o controle do espaço pelo locutor de chegadas e partidas, que ficava no mezzanino. A simetria do conjunto encimado pelo arco e cobertura em abobada indicam a funçao do terminal como um portal e local de acolhimento da cidade. A fina casca de concreto cobrindo o arco, a delicada caixa de vidro do locutor, enfim, estrutura, arquitetura, forma e funçao se completam, dispensando ornamentos, cores berrantes ou falsos volumes para mostrar seu valor estetico com resultados limpos e simples.
O patio de manobras permete o recuo necessario para contemplar todo o conjunto, alem de abrir a perspectiva sobre o entorno e permitir focalizar o cone da catedral como ponto de referencia.
Esse prédio constitui um marco estratégico na organizaçao do sistema viário da cidade jardim e ainda é uma jóia da arquitetura moderna em Maringa. Derrubá-lo seria perder uma parte importantissima da memória dessa cidade e privar as geraçoes futuras de um exemplo da simplicidade e beleza da arquitetura moderna.


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