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Os automóveis e o meio ambiente

domingo, dezembro 31, 2006 4:33:00 PM

O dramaturgo italiano Luigi Pirandello, com verve irônica, dizia que o automóvel foi inventado pelo diabo. O sistema de transportes deve ser a política fundamental de qualquer cidade que deseja diminuir os impactos ambientais causados pela urbanização.

Nas cidades brasileiras com 60 mil habitantes ou mais, os automóveis e motocicletas são responsáveis por 91% dos 76 milhões de quilômetros rodados anualmente. Nessas urbes, de acordo com o Ministério das Cidades, o transporte individual é responsável por 74% do consumo de energia e por 80% da emissão de poluentes nocivos à saúde humana e à natureza. O custo anual da poluição atmosférica gerada por carros e motos é de 3 bilhões de reais.

Medidas de maior envergadura precisam ser adotadas para a redução do papel preponderante do automóvel privado nos sistemas de transporte das cidades brasileiras. É preciso oferecer taxas diferenciadas para os motoristas que usam menos seus automóveis. No Brasil e em outros países, os impostos são fixos, e não baseados diretamente na quilometragem anual de cada veículo, apesar de que os custos a que estes impostos estão destinados (acidentes, construção de rodovias etc) aumentarem com o uso mais acentuado do veículo. Em Singapura, por, eemplo, há incentivos econômicos para motoristas que optam por circular somente nos fins de semana ou fora dos horários de maior tráfego.

Boa parte dos orçamentos municipais dedicados ao transporte é utilizada para facilitar o trânsito de veículos particulares, enquanto que modos de transporte mais corretos são negligenciados. No Brasil, um relatório do Ministério das Cidades aponta que a maior parte dos deslocamentos é realizada caminhando (35%). Apesar do expressivo número de pessoas se deslocando a pé, o estado de conservação das calçadas é precário na maioria dos municípios.

Em Quixadá, Ceará, por exemplo, uma pesquisa do Núcleo de Estudos em Ecologia Urbana e Planejamento Ambiental da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc/Uece) detectou que 28% dos quarteirões não possuem sequer uma única árvore plantada. Nos demais quarteirões, predomina uma arborização "banguela", cheia de lacunas, e, portanto, incapaz de fornecer uma sombra contínua.

Dados da Associação Nacional dos Transportes Públicos demonstram que no Brasil a infra-estrutura específica para pedestres e ciclistas é irrisória. A oferta de vias exclusivas para pedestres é de 0,02% do sistema viário nacional. Apenas 0,15% do sistema viário é composto por ciclovias. A inexistência de ciclovias contribui para o ínfimo percentual de deslocamentos feitos em bicicleta, de apenas 3%. Na Holanda, onde há décadas o planejamento urbano estimula a construção de ciclovias, cerca de 30% das viagens urbanas são feitas em bicicleta.

Se persistir o aumento da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, estaremos condenando à extinção mais de 60 mil espécies de microrganismos, plantas e animais, segundo um estudo publicado na revista Conservation Biology. Essas espécies nos fornecem milhares de serviços ambientais imprescindíveis.

Os automóveis contribuem de maneira considerável para o aumento do efeito estufa. Precisamos ter em mente que a destruição da natureza não é provocada apenas por gananciosas corporações capitalistas, como reza o senso comum. Também é deletéria nossa opção individual pelo automóvel privado, com suas funestas conseqüências.


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